Monica Yumi Tsuzuki

Monica

Monica Yumi Tsuzuki

Professora de Aquicultura do Centro de Ciências Agrárias (CCA)

No mínimo são quatro voltas por dia, entre casa e trabalho, em meio ao trânsito concorrido de Florianópolis. A professora da UFSC Monica Yumi Tsuzuki, do Centro de Ciências Agrárias (CCA), divide-se entre os bairros Itacorubi e Barra da Lagoa para ministrar aulas na graduação e na pós-graduação e também no Laboratório de Peixes Ornamentais e Marinhos (Lapom).

Os laboratórios da UFSC que utilizam tanques de água salgada estão todos localizados na Barra da Lagoa. “Trabalho somente com os ‘coloridinhos’, do tipo Nemo, pois se falar em peixe palhaço quase ninguém conhece.” Dos que cultiva, Cavalo Marinho está mais no senso comum, já os tipos Neon gobi Elacatinus figaro, Gramma brasiliensis, Pomacanthus paru, nem tanto. E sua atividade é focada nas espécies nativas, ameaçadas de extinção e as que são destinadas ao consumo.

Está na UFSC desde 2002 e no Lapom, desde a sua implantação em 2008. Anteriormente, trabalhou em um laboratório só com peixes marinhos de corte. “Na separação, fiquei com a parte ornamental”, contextualiza.

A docente teve sua primeira experiência internacional quando era aluna do doutorado. E foi para ela a mais importante. Estudou por quase sete anos no Japão, e mesmo tendo descendência, considera o país escolhido bem diferente. Esse período lhe proporcionou o contato com outros institutos, culturas e pessoas, que contribuíram significativamente para sua formação como pessoa.

E no retorno do doutorado, pôde colaborar na criação do curso de Oceanografia na Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), em Ilhéus, Bahia. Nessa instituição desenvolveu atividades com peixes marinhos e com as comunidades de pescadores.

Trocou a estadual da Bahia pela federal de Santa Catarina por ser referência no Brasil em Aquicultura, área que se dedica desde o início da sua formação acadêmica. Reforça que “o melhor curso do país é aqui na UFSC”, por causa principalmente da estrutura física e da formação de professores.

Para se ter uma ideia da grandiosidade da UFSC nessa área, em um dos laboratórios na Barra da Lagoa — o de Moluscos Marinhos — todo o processo de cultivo da ostra, desde a ‘sementinha’ até chegar à mesa dos brasileiros, é feito aqui.

No Lapom, sua atuação está voltada à conservação. Fala com carinho do seu micro desafio diário de cultivar “peixinhos” ameaçados de extinção, vulneráveis e “tão fofinhos”, como no caso do cavalo marinho.

No ano passado, passou por outra experiência internacional, só que desta vez como professora e pela UFSC. Realizou uma licença sabática na Austrália. Ficou por um ano nesse país, acompanhada do filho. Conta que no início ele ficou contrariado, mas em seis meses já estava falando inglês só de ouvir, além de fazer novos amigos. No final não queria mais voltar de tanto que gostou.

Aconselha muito aos seus alunos que o doutorado é uma fase muito boa para sair do Brasil. E alerta sempre, que ao fazer o contato com o professor estrangeiro, que é um dos requisitos, “o chamem professor doutor, nome e sobrenome. Aqui no Brasil a gente lida com as pessoas como se fosse um amigo, lá fora tem muita hierarquia”. Quando indica um aluno, adota como critério de seleção o potencial da pesquisa. “Tenho a preocupação de ajudar alguém que irá representar bem a UFSC e o nosso país”.

Argumenta que no Brasil ainda tem, apesar de toda a situação econômica, muita facilidade de adquirir bolsa para fazer o doutorado sanduíche no exterior. “É só um ano e passa rápido. Os alunos têm que aproveitar esta chance de internacionalização. Eu sempre os incentivo. Muitos têm medo do idioma, de ficar longe da família, de sair de sua zona de conforto, mas é um ganho acadêmico e para a vida inteira. Sofrer às vezes faz parte, mas este sofrimento também deve ser visto como um crescimento individual”.

As iniciativas de preparação do aluno para explorar o mundo de possibilidades deveriam ser mais frequentes na Universidade. Não devemos esperar pelas ações da Sinter (Secretaria de Relações Internacionais), mas ampliá-las para os departamentos, laboratórios e outros tantos espaços dentro da UFSC.